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quinta-feira, 11 de abril de 2013

Apresentação do Blog


Abro um espaço com o objetivo de trabalhar, escutar e discutir questões inerentes à Direção do Tratamento.
 
Por que este tema?

Talvez por ser este um tema que afeta a todos os que trabalham efetivamente com a clínica psicanalítica. Talvez por estarmos atualmente muito interessados em saber como vamos contribuir para que a psicanálise continue tendo o lugar que merece neste século XXI. Talvez por estarmos sendo pressionados pela globalização que exige cada dia mais resultados práticos em tempo cada vez mais rápido, o que acaba por produzir certo forçamento dos conceitos e princípios que, por sua vez, acabam por deturpar o sentido de Freud. Diga-se, de passagem, que esta situação não é um privilégio deste século que inicia. Talvez seja mesmo uma questão inerente à própria proposta freudiana que traz uma verdade cuja lâmina cortante tem de ser constantemente afiada para não perder seu poder de corte. Afinal de contas, não foi esta a bandeira de Lacan nos anos 50 que, com seu retorno a Freud acabou por fundar sua Escola em 1964: “cuja intenção representa o organismo onde se deve cumprir um trabalho – que no campo aberto por Freud, restaure lamina cortante[1] (em francês utiliza-se a palavra ‘soc tranchant” que nada mais é do que a lamina do arado que sulca a terra, fazendo alusão clara ao corte que lavra a terra com objetivos de que algo se produza) de sua verdade – que traga de volta a prática original instituída sob o nome da psicanálise, no dever que lhe retorna em nosso mundo que, por uma crítica assídua, denuncie aí os desvios e os compromissos que enfraquecem seu progresso degradando-lhe seu emprego”.

Estamos, portanto na trilha de Lacan e da leitura que ele nos proporcionou do texto freudiano. Seguiremos por esta trilha com o objetivo de recuperar uma direção clínica que, ultimamente tem sido deixada de lado em detrimento de propostas que acabam por desviar nossa atenção para outras paragens.



[1] Ce titre dans mon intention représente l’organisme où doit s’accomplir un travail – qui, dans le champ que Freud a ouvert, restaure le soc tranchant de sa vérité – qui ramène la praxis originale qu’il a instituée sous le nom de psychanalyse dans le devoir qui lui revient en notre monde – qui, par une critique assidue, y dénonce les déviations et les compromissions qui amortissent son progrès en dégradant son emploi.
 

Um comentário:

  1. Concordo que o foco principal para a garantia da presença da psicanálise no século XXI é a clínica psicanalítica. Deixar a psicanálise se perder em questões de cunho puramente especulativo comprometerá sua existência, considerando o fato de que sua incidência, no mundo, é desde Freud de natureza prática. A psicanálise é uma prática, ou seja, a parte teórica dela é, nada mais nada menos, que uma 'teoria da prática'.
    Com isto quero dizer que estou plenamente de acordo que temos que "recuperar uma direção clínica", muitas vezes deixada de lado, mesmo nos ambientes psicanalíticos. É por isso que podemos falar de uma pragmática psicanalítica. Trata-se aqui de uma questão a ser melhor investigada.
    De toda maneira, eu diria que uma das principais teses que devemos sustentar na contemporaneidade é a de que a clínica psicanalítica se 'orienta pelo real'. O que vem a ser isto ? Trata-se de uma clínica mais orientada pela pulsão ? Ou pelo sintoma na sua vertente de gozo ? Mais ainda, porque falar de "um" real (como é o caso do título do próximo Congresso da AMP)? Haveria "o" real e "um" real (questão que, recentemente, o colega Luiz Henrique Vidigal nos colocou)? Existem vários ou apenas um real ? Essas são algumas questões que julgo merecer algum debate entre nós ...

    Abraços, Jésus Santiago

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